segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Bêbado Quântico

Bêbado Quântico

Hoje vou me embriagar de realidade...  Vou me deixar levar pela ladeira da razão, cambaleando por entre becos, à luz de perdida ilusão. Engasgar com o fruto ingrato de colheita compulsória e maldita, marcado de escolhas colhidas por mim, ontem.

Quero beber tudo de vez, em taça de turmalina, sem remorsos, para não sentir o gosto do fel, no amargo de minha indelével certeza, que vive sussurrando em pensamento alto e claro, a cupidez de ser eu o que ainda nem sei se sou, ou se ainda, de algum estranho modo, rejeito.

Brindar pelo completo fracasso das conquistas transitórias, supérfluas, de tanto prazer fugaz e, ao que me falte de concreto e sincero, rir, quem sabe até, chorar.

Viver num instante a parte de um todo, repique de momento, já morto, entrelaçado no tempo, cada vez mais distante, sendo meio, mas presente, ciente de um passado, quase sonho, vivendo um real começo ou um inteiro inacabado da arte divina. Ah! Esse ceticismo embasado por parca ótica cristalina de consciência humana adormecida, cuja única inabalável certeza seja, ainda talvez, morrer.

Feliz sina que só se explica quando se mede, mas que perde a mesma medida por ser ela mesma da parte medida, e agora também, estar no próprio contexto, contida. Mundo louco para quem ainda no charco do ser, engatinha. E zonzo nessa lida, o que me resta nessa vida é pedir mais uma dose, para quem sabe, afogar de vez a consciência dessa pequenez que tanto me fez, triste.

Novamente encarar a incompreensível dualidade semântica do estar ou do ser, naquilo em que me torno, ou naquilo que já sou. Pedindo um sempre mais, que ainda não tenho, ou que ainda nem sou, sempre ou jamais.


Hoje quero brindar viver feliz novamente

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