quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Resumo

Se me perguntarem por que escrevo, eu digo: é visível;
Alguns resumem suas alegrias e medos, em sorriso,
Ora aparentam ser sinceros ora azedos, algo indescritível,
Faço a mesma coisa com os dedos, assim vivo,
Simples como todo leigo, só que mais sensível,
Choro pouco por zelos, e muito por um punhado de riso.
Bem sei que não guardo o caminho andado, apenas sigo,
Seja no presente, no futuro ou no passado, eu me registro,
Por entre telas da vida sonhada ou em curtas letras do destino,
Que em breves instantes marcados vou me resumindo...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Bêbado Quântico

Bêbado Quântico

Hoje vou me embriagar de realidade...  Vou me deixar levar pela ladeira da razão, cambaleando por entre becos, à luz de perdida ilusão. Engasgar com o fruto ingrato de colheita compulsória e maldita, marcado de escolhas colhidas por mim, ontem.

Quero beber tudo de vez, em taça de turmalina, sem remorsos, para não sentir o gosto do fel, no amargo de minha indelével certeza, que vive sussurrando em pensamento alto e claro, a cupidez de ser eu o que ainda nem sei se sou, ou se ainda, de algum estranho modo, rejeito.

Brindar pelo completo fracasso das conquistas transitórias, supérfluas, de tanto prazer fugaz e, ao que me falte de concreto e sincero, rir, quem sabe até, chorar.

Viver num instante a parte de um todo, repique de momento, já morto, entrelaçado no tempo, cada vez mais distante, sendo meio, mas presente, ciente de um passado, quase sonho, vivendo um real começo ou um inteiro inacabado da arte divina. Ah! Esse ceticismo embasado por parca ótica cristalina de consciência humana adormecida, cuja única inabalável certeza seja, ainda talvez, morrer.

Feliz sina que só se explica quando se mede, mas que perde a mesma medida por ser ela mesma da parte medida, e agora também, estar no próprio contexto, contida. Mundo louco para quem ainda no charco do ser, engatinha. E zonzo nessa lida, o que me resta nessa vida é pedir mais uma dose, para quem sabe, afogar de vez a consciência dessa pequenez que tanto me fez, triste.

Novamente encarar a incompreensível dualidade semântica do estar ou do ser, naquilo em que me torno, ou naquilo que já sou. Pedindo um sempre mais, que ainda não tenho, ou que ainda nem sou, sempre ou jamais.


Hoje quero brindar viver feliz novamente

sábado, 7 de setembro de 2013

Alma Relativa











Alma Relativa

Eh! Mundo Circulando ao Quadrado
De massa relativa ao tempo e ao espaço,
Visão turva de dia e de noite no claro,
Quanto mais corro, mais fico parado.

Luz que vem do céu mostrando o estrelato,
Logo quando engato o primeiro passo
No futuro certo do impossível passado,
Quanto mais corro, mais fico parado.

Sou eu naquele trem ligeiro e desgovernado
Vivo na ideia da bala que nunca atinge o alvo,
Morrendo a toda hora dependendo do lado,
Quanto mais corro, mais fico parado.

Tic-tac absurdo: livre no sutil e preso no pesado,
Ora sou eu quem grita, ora é o meu retrato,
De voz roca no sentido e de soneto afinado,
Quanto mais corro, mais fico parado.

Que detalhe nessa equação ainda não foi lembrado?
Será o pensamento e a poeira farinha do mesmo saco?
Luz que curva ao tempo ou o espaço que é curvado?
Quanto mais corro, mais fico parado.

Qual forje divino que moldará meu estado?
Se na forma ligeira não serei visto, nem lembrado,
E voltarei mais moço de vida, ainda inacabado,
Porque quanto mais corro, mais fico parado.

Jonilton Ferreira